terça-feira, 3 de maio de 2011

UMA REAL HISTÓRIA DE AMOR

UMA REAL HISTÓRIA DE AMOR
ISAQUE E REBECA

(Gêneses 24)

Em uma de minhas visitas pastorais, conversando com uma jovem sobre o seu namoro, percebi que o seu companheiro tinha algumas características que me geraram preocupações. Ele não compartilhava da mesma fé dela; veio de um casamento fracassado e tinha um filho que não fora gerado de sua ex-esposa.

Porém, ao aconselhá-la a respeito da possibilidade grande desse relacionamento não vir a dar certo, ela afirmou categoricamente que não tinha intenção de terminar o namoro e que iria casar-se muito em breve com ele não importando as conseqüências.

Refletindo posteriormente a respeito dessa visita conclui que muitos jovens namorados e noivos estão trilhando o mesmo caminho equivocado na escolha de um companheiro (a) para viverem juntos até que a morte os separe.

Para ajudá-los de alguma forma nessa tarefa tão importante, nas próximas linhas desejo refletir sobre um casamento relatado na Palavra de Deus que deu certo e serve de modelo para todos os casais de namorados, em todas as gerações.

Esse relacionamento se encontra no capítulo vinte quatro do livro de Gêneses. Os princípios sustentados, nele, servem como escudo para nos proteger de futuras decepções amorosas.

Quando lemos a descrição do namoro, noivado e casamento de Isaque e Rebeca, relatados nos sessenta e sete versículos do capítulo vinte quatro, o primeiro princípio verificado é o que se encontra nas seguintes palavras de Abraão: “...não tomará para o meu filho mulher dentre as filhas dos cananeus, no meio dos quais habito” (ver. 3e 37). O Pai da Fé sentia-se que não viveria muito tempo. Por isso, chamou o servo mais velho de sua casa a fim de procurar uma esposa para o seu filho Isaque.

Pensando na missão tão importante que seu servo realizaria, Abraão respaldou a incumbência com um juramento, no qual estava determinado que não devesse buscar nenhuma mulher dos cananeus. Tinha que ser de sua parentela. Ou seja, uma moça que adorasse o mesmo Deus que eles adoravam.

Nos tempos modernos em que vivemos, com todas as suas turbulências morais e sexuais, é fundamental que os namorados e noivos cristãos observem o exemplo de Abraão, quando este não buscou esposa para o seu filho, no meio daquelas que não respeitavam o seu Deus. Um relacionamento que viole esse princípio revela claramente rebelião ao Senhor e está fadado ao fracasso. É como diz o profeta Amós: “andarão dois juntos se não tiverem de acordo?”(Amos 3:3). Absolutamente, não.

Para corroborar a importância dessa verdade, Deus inspirou, no século passado, a escritora Ellen White a afirmar as seguintes palavras: “Unires-te a um incrédulo é colocares-te no terreno de Satanás. Ofendes o Espírito de Deus e perdes Sua proteção...”[1]

O segundo princípio que naturalmente podemos extrair dessa história de amor, está explicito no tom ansioso da voz do servo de Abraão. No versículo cinco, nas palavras desse servo: “talvez não queira a mulher seguir-me para essa terra, neste caso levarei o teu filho à terra de onde saístes?”, percebe-se um tom de incredulidade e falta de confiança. Contudo, o patriarca refutou a ansiedade dele dizendo: “O Senhor, Deus do céu, ... enviará o Seu anjo, que te há de preceder, e tomarás de lá esposa para meu filho”.(Gen. 24:2-4). Notem que essas palavras saíram da boca de um ancião que tivera uma larga experiência com Deus. Ele afirmou com muita convicção e confiança que o anjo celeste iria providenciar uma esposa para o seu filho.

Nas Escrituras Sagradas, desenvolver a confiança é imprescindível para obter as bênçãos dos céus, principalmente às relacionadas ao namoro, noivado e casamento. No livro de Habacuque o Senhor revela que “o justo viverá pela fé” (Hc. 2:4). O apostolo Paulo, muito tempo depois desse profeta, escreveu que “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb. 11:6). Ele também afirmou que essa mesma fé é “a certeza das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem. Foi por ela que os antigos alcançaram bom relacionamento”. (Hb. 11:1-2).

De fato, desenvolver a fé e confiança nas promessas divinas é de fundamental importância na busca de um(a) companheiro(a) para a vida. Se não conseguirmos com nossas forças, Deus realizará por nós, isso se confiarmos no seu poder e misericórdia. A escritora inspirada Ellen White já afirmava isso há mais de cem anos atrás: “O que a sabedoria humana não pode fazer, a Graça de Deus, realizará pelos que a Ele se entregarem em amorosa confiança”.[2]

Observando, ainda, a história de Isaque, podemos perceber um terceiro princípio sobre namoro, noivado e casamento. Seis versos desse capítulo (Gêneses 24:12, 27, 42, 48, 52, 62-63) fazem alusão a ele, dada a sua tamanha importância. Esse princípio se refere à oração.

Cada passo dos personagens, na busca da esposa para Isaque, foi marcado pela oração. Eles tinham certeza que a oração permite a Deus realizar coisas em períodos curtos de tempo, que nós não seriamos capazes de realizar, sem Ele, em meses ou mesmo anos de trabalho. Ela é uma ferramenta que possibilita Deus realize mais, através de nós.

É como um renomado escritor evangélico[3] escreveu certa vez: “Quando nós trabalhamos, apenas trabalhamos. Mas quando nós oramos Deus trabalha.” É de fundamental importância cultivarmos o hábito da oração, pois sem ele se torna muito mais difícil, senão impossível, encontramos alguém que nos faça feliz e que o mesmo seja feliz ao nosso lado.

Mais uma vez cito as palavras de Ellen White que teve a iluminação celeste sobre esse assunto: “Se homens e mulheres têm o hábito de orar duas vezes ao dia antes de pensar no casamento, devem fazê-lo quatro vezes quando pensam em dar esse passo”[4]

Cada dia mais cresce o número de casamentos e relacionamentos desfeitos. Devemos fazer de tudo o que é necessário para evitar que essa estatística aconteça conosco. A melhor maneira de evitarmos esses fracassos é levarmos a sério o princípio bíblico de não namorar, noivar ou casar-se com pessoas que não professam a mesma fé que a nossa. Devemos também confiar na direção de Deus a cada passo que dermos rumo ao casamento e, por fim, é imprescindível investirmos bastante tempo na oração. Fazendo isso, digo, com toda convicção, que Deus providenciará um (a) companheiro (a) para você.

Continua........

Pr. Wanderson Vieira

Distrito de Miracema -TO

Teologia/Letras



[1] WHITE, Ellen G. Lar Adventista. Tatuí-SP. Casa Publicadora Brasileira. 2002, p. 67
[2] WHITE, Ellen G. Cartas aos Jovens Namorados. Tatuí – SP: Casa Publicadora Brasileira, 2002. p.18.
[3] LUCADO, Max. Derrubando Golias: Descubra Como Superar os Maiores Obstáculos de sua Vida. Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2007. p. 215.
[4] WHITE, Ellen G. Mensagens aos Jovens. Tatuí – SP: Casa Publicadora Brasileira, 2002. p.460.

AMIZADE DISCIPULADORA

“Quem anda com os sábios será sábio, mas o companheiro dos insensatos se torna mau” (Pv. 13:20)

“Quase todas as nossas tristezas podem ser remontadas aos relacionamentos com as pessoas erradas, e nossas alegrias, aos relacionamentos com as pessoas certas”[1]. O texto do sábio Salomão em Provérbios bem como a frase de John Maxwell revela quão importante é a influência de uma pessoa em nossa vida.

No início da minha caminhada cristã pude perceber a veracidade dessas palavras. Logo nos meus primeiros meses de adventismo, Deus enviou pessoas para contribuir no meu amadurecimento espiritual. Uma dessas pessoas se chama José Filho, na época, primeiro ancião da Igreja Adventista do Sétimo Dia do Setor “O”, Brasília, DF. Ele auxiliou-me significativamente na descoberta dos meus dons espirituais.

Em muitas ocasiões foi visível a ajuda cristã desse ancião para comigo. Um exemplo concreto do auxílio dele foi sua atitude ousada em me colocar na escala de pregação da igreja. Sem a mínima experiência como orador, me recusei a atender ao chamado. Porém ele insistiu, e até me ofereceu ajuda com alguns sermões prontos. Mesmo assim, o medo do púlpito era intenso, e novamente disse não. Então, a figura de um verdadeiro amigo discipulador entrou em cena. Esse irmão se ofereceu a subir no púlpito comigo e, até mesmo, caso não conseguisse ministrar a palavra, ou ficasse nervoso, ele tomaria a frente da programação e me socorreria. Então, somente assim, aceitei arriscar-me nessa aventura espiritual.

Foi em um culto de quarta-feira. Havia me preparado bastante. Orei muito para que Deus me ajudasse. Contudo, aparentemente todo esse esforço não surtiu efeito. A minha pregação durou apenas cinco minutos cravados no relógio. Todo assunto que havia preparado se esgotara. Então, o irmão José Filho assumiu o púlpito. Falou-me algumas palavras de incentivo, também exortou a igreja e finalizou a programação daquele dia. Eu me senti envergonhado por não conseguir pregar tudo que tinha preparado. Mas o constrangimento foi amenizado pelas palavras animadoras ditas por meu amigo diante de toda a congregação.

Em outras ocasiões fui convidado por ele para pregar na mesma igreja, e não recusei. Hoje, o esforço que ele teve em acompanhar-me e incentivar-me à pregação é materializado em meu ministério pastoral, no estado do Tocantins. Sou grato a Deus por incentivar o irmão José Filho como o meu mentor espiritual. Atualmente, colho alegremente bons frutos por ter me relacionado, no início da minha jornada cristã, com a pessoa certa e com um verdadeiro sábio.



[1] Maxwell, John C. Talento não é Tudo. Editora Thomas Nelson. Rio de Janeiro. p. 240