Aluno:
Wanderson Vieira da Silva
Data:
21/03/2012
Resenha Crítica
1.Bibliografia – BURRIL, Russel. Como
reavivar a igreja no século 21: o poder transformador dos pequenos grupos. 1ª
ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2009.
2. Biografia –
Russell Burrill nasceu em Haverhill, Massachusetts. Ele
é de origem Batista, tornando-se um
adventista no final da adolescência através do ministério da Voz da Profecia. Sua formação inclui
um bacharel no Atlantic Union College,
um mestrado na Universidade Andrews e um doutorado no Fuller Theological Society. Ele é casado com Cynthia Hartman, e tem dois filhos que já são
adultos, ambos trabalham
para a igreja. O ministério de Russell
e Cynthia corresponde a sete anos como pastor em
Connecticut e Maryland, seguidos
de sete anos em evangelismo de tempo integral em Mountain View, Chesapeake e Conferência superior
Columbia, acompanhado por outros sete
anos pastoreando em Spokane, Washington e
Wichita, Kansas. De
1985-2007, Russell foi Diretor do Instituto de Evangelismo da Divisão
Norte Americana, na qual atuou também como Secretário Ministerial. Ele ainda lecionou
na University Andrews Theological Seminary. Russell é o autor de inúmeros artigos, das
lições do Seminário Profecia e onze livros: Discípulos radicais para
as Igrejas Revolucionárias, Revolucão
da Igreja do Século 21, The
New World Order, Revolution in the Church, Recovering an Adventist Approach to
Life and Mission of the Local Church, Rekindling a
Lost Passion, Hope When Your World Falls Apart, Creating Healthy Adventist Churches through Natural Church Development,
Waking the Dead, Reaping the Harvest and
How to Grow an Adventist Church.. Além disso, foi autor
de “The Pastor’s Manual for Net ‘98.”. Hoje os Burrills vivem em Berrien
Springs, Michigan, onde eles continuam a servir a obra do Senhor.
Desde sua aposentadoria em julho de 2007,
é professor emérito de Evangelismo e
Crescimento da Igreja, na Universidade
Andrews. Ele atualmente está servindo também como Gerente de Rede
11.
3. Conteúdo
Esse livro busca motivar as igrejas
adventistas do sétimo dia a participarem de um reavivamento espiritual. Para
tanto, Russel Burrril procura apresentar o caminho mais viável a fim de atingir
esse objetivo. O meio que o autor propõe é vida em comunidade por meio de pequenos
grupos.
Burril inicia a construção de sua
argumentação apresentando o convívio dos membros da Trindade, que para ele é o modelo
de convivência em pequeno grupo. De acordo com a sua tese, a vida em comunidade
que as pessoas da Trindade – Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo – têm é
o exemplo maior a ser seguido.
E esse tipo de convivência foi
experimentado por Adão e Eva, quando foram criados. Para o autor, Deus se preocupou
que a humanidade também vivesse em comunidade assim como Ele vivia com os outros
membros da Trindade. O propósito era que essa vivência fosse reproduzida nos milhares
de filhos do primeiro casal até que a terra fosse povoada por comunidades
perfeitas. Para que isso fosse possível, Burril ressalta que o verdadeiro propósito
do sábado era promover e desenvolver esse tipo de comunidade entre Deus e os
humanos e os humanos entre si. Um dia completo semanalmente fora reservado para
esse fim.
Porém, de acordo com autor, o que se
presenciou na história bíblica, ainda no Jardim do Éden, foram os primeiros
passos em direção à perda da verdadeira comunidade e não a sua ampliação como
Deus desejava. O fator que levou a esse estado de coisas fora o pecado. Com esse
elemento introduzido na natureza humana, o que seria presenciado não era mais
um senso de dependência de Deus e uns dos outros, mas um espírito de
independência que levaria a uma sociedade destrutível, na qual, o
individualismo, a justificação própria, a ira e homicídio se proliferaria sem
precedentes. A partir de então, as pessoas passaram a viver em cidades, que
seria uma espécie de contrafação do plano de Deus para a humanidade. Esse tipo
de convivência foi absorvido pelos grupos religiosos de então, segundo Burril.
O autor identifica também a estrutura
piramidal do Egito como o clássico modelo de cidade. Nela, “quem quer que
esteja no topo controla todo o sistema, e o resto da pirâmide mantém quem está
em cima”[1].
Assim, as pessoas passam a buscar a qualquer custo o topo da pirâmide, e não
somente isso, busca também se manter no topo. Pois quem está na parte debaixo
da pirâmide, busca derrubar quem está em cima. Burril enfatiza que muitas
igrejas, na atualidade, operam de acordo com a estrutura político-social egípcia.
Onde a “liderança é centralizada em uma só pessoa e o restante serve abaixo
dela”[2].
A fim de restaurar uma comunidade
saudável como no principio da criação, Deus inicia um processo de libertação do
povo israelita do império Egito. E somente longe do arquétipo piramidal egípcio,
é que o Senhor começa a revelar o verdadeiro modelo de comunidade e liderança através
Jetro, sogro de Moisés. Para Jetro, “Moises deveria compartilhar poder,
entregando-o ao povo”[3].
A diluição do poder ocorreria ao se delegar responsabilidades para outros
líderes. E cada um desses líderes ficaria responsável, no máximo, por dez
pessoas ou famílias. Moisés aceitou o conselho do seu sogro, pois já não
aguentava mais o estresse e o excesso de trabalho. E de acordo com Burril,
esses grupos de dez pessoas ou famílias se assemelham aos pequenos grupos de
hoje.
Após apresentar o conselho de Jetro a
Moisés em relação ao compartilhamento de poder e a convivência em grupos
menores, o autor passa a descrever o modelo que Jesus desenvolveu quando esteve
aqui na terra. Cristo começou o seu trabalho escolhendo doze homens, a quem ele
investiria a maior parte de seu ministério. O grupo dos dozes, segundo Burril,
foi formado por pessoas e famílias disfuncionais. Jesus constantemente se
reportava a eles usando palavras extraídas de um contexto de família tais como
irmãos e irmãs, isso para descrever o tipo de relacionamento que deveriam ter
uns com os outros. O próprio método evangelístico deveria ser desenvolvido em
pequenas unidades, ou seja, de dois em dois. Desta forma, o autor pretende
reforçar a necessidade de se desenvolver um ministério num contexto de pequenos
grupos, e, além disso, acrescenta que uma reestruturação do papel do clero
precisa ocorrer, para que a igreja de hoje se aproxime do protótipo de Jesus,
no passado. Para tanto, Burril revela que as igrejas devem olhar os pequenos
grupos não como parte dela, mas como a igreja. No entanto, essas reuniões não
deveriam ser apenas para estudo da Bíblia, mas para promover relacionamentos.
Após dissertar sobre o pequeno grupo
formado por Jesus, Burril passa a apresentar o dia-a-dia da igreja que se
formou a partir dos discípulos no dia de Pentecoste. Segundo o autor, a igreja
primitiva, imediatamente após o Pentecoste, já estava dividida em pequenos
grupos. Os primeiros conversos foram divididos em grupos menores onde eram
cuidados e alimentados. Isso porque, se eles se reunissem em grandes
aglomerados poderiam chamar a atenção e causar transtorno, afirma o autor.
Burril acrescenta ainda que as atividades da igreja primitiva reunida em
pequenos grupos consistiam em estudo dos ensinamentos de Jesus, comunhão, o
partir do pão e a oração.
Para reforçar a ideia de que a igreja
primitiva já se encontrava estruturada em grupos menores, o autor lança mão dos
ensinamentos do apostolo Paulo. Para Burril, Paulo continuou a implantar
igrejas pelo modelo do Pentecoste em vez do modelo institucional. O apóstolo
estabeleceu igrejas projetadas para serem comunidades. Eram pequenas
igrejas-lares onde as pessoas podiam entrar em verdadeira comunidade uns com
outros e com Cristo. Isso não fora acidental, afirma o autor. Foi uma
estratégia deliberada por Paulo, em obediência ao modelo de Cristo.
Os textos bases que Paulo desenvolveu a
ideia de comunidade, de acordo com Burril, são Romanos 12 e I Coríntios 12. Na
passagem de Romanos, o apóstolo disserta que os cristãos são membros de um
corpo – eles existem em comunidade. Os seguidores de Cristo são chamados para
servir a Deus em comunidade com outras pessoas, onde podem cuidar uns dos
outros, amar uns aos outros e se alegrar uns com os outros. Já na passagem de I
Coríntios 12, Paulo enfatiza que nenhum indivíduo tem todos os dons. É por isso
que a comunidade é necessária para o compartilhamento dos dons que criarão a
integridade do corpo. Nesse modelo, os membros da comunidade que são mais
fracos devem receber atenção especial. Para que não haja divisão no corpo, pelo
contrário, cooperem os membros, com igual cuidado, em favor uns dos outros. Burril
revela também que a igreja nessa época praticava o ministério em equipe, ou
seja, o evangelismo era sempre feito por uma comunidade e focalizava uma
comunidade.
Tendo como base esse modelo de igreja do
primeiro século, o autor, ao fazer uma aplicação dele nos dias atuais, afirma
que as pessoas, antes de se encontrarem com Cristo, devem pertencer a uma
comunidade, embora suas ações a inclinem a buscar seus próprios interesses (ou
do seu círculo imediato). É para uma nova comunidade que sua reconciliação com
Deus em Cristo as traz, embora experimentem esse acontecimento como algo
pessoal.
Para Burril, é imperativo que a
organização adventista hoje projete uma igreja baseada em Pequenos Grupos de
pessoas que vivam em comunidade. Dentro dessa configuração, o estabelecimento
de igrejas lares deve ocorrer, porém sem ser obrigatório. As igrejas maiores
criariam comunidades sendo divididas em grupos menores. A liderança da igreja
local e o pastor precisam está dispostos a dar poder aos grupos e a seus
líderes. Frequentar as reuniões do grupo grande pode ser opcional, mas está
envolvido em pequenos grupos não pode. Os ministérios dos dons espirituais é a
verdadeira adoração de acordo com Paulo, diz Burril. Ele ainda acrescenta, o
argumento de Paulo frisava que as pessoas não iam à igreja com o propósito de
adorar, elas iam para manter comunhão.
Apesar de todo o esforço dos apóstolos
em prol de uma igreja que vivia em comunidade, a apostasia foi vivenciada pela
igreja. Burril argumenta que com a “conversão de Constantino, no início do
quarto século, o cristianismo começou a ser tolerado e então se tornou a única
religião do império. Esse foi o ponto decisivo no estabelecimento da igreja
institucional”.[4] O
autor nos lembra também que, mesmo com a Reforma Protestante nas doutrinas, não
houve avanço na compreensão da visão de uma igreja em pequenos grupos ou
comunidades. Isso só seria visto no movimento espiritual iniciado pelos irmãos
wesleys.
O movimento metodista é considerado por
Burril como a Reforma do verdadeiro modelo de igreja. O autor faz uma descrição
de como eram as reuniões metodistas, nos primórdios dessa igreja. “Wesley
oferecia dois tipos de experiência com pequenos grupos: as classes e os grupos
(‘bands’). Os grupos eram opcionais; as classes eram requeridas de todos que
desejavam continuar como membros”.[5]
Burril relata ainda que cada grupo consistia-se de membros da mesma vizinhança
e se reunia uma vez por semana por aproximadamente uma hora. Ele ressalta que
líderes leigos que possuíam uma alta moral e bom senso eram escolhidos para
liderar os grupos. A maioria desses líderes era mulher. Um detalhe que o autor
enfatizou em relação aos grupos metodistas era que no início desse movimento e
antes da morte de Wesley, falhar em frequentar regularmente essas reuniões era
motivo suficiente para o indivíduo ser excluído como membro. Os objetivos
dessas reuniões, na visão do autor, se resumiam em quatro: crescimento dos
conversos na sua maturidade espiritual; enfatizar os relacionamentos; discipular;
direcionamento dos estudos bíblicos para o relacionamento.
Ainda de acordo com Burril, o procedimento
desses cultos em comunidades pequenas consistia em que todos falavam
abertamente e livremente sobre o estado real do coração, com suas várias
tentações e livramento desde a última reunião. Para isso, se faziam cinco
perguntas, não com intenção de expressar juízo de valor, mas para responsabilizar
as pessoas. Porém, o autor ressalva que com o passar do tempo e com a morte do
pastor Wesley, a rigidez desse modelo de culto em relação a sua frequência e os
questionamentos sofreram mudanças. Agora, não mais se exigia a frequência sem
interrupção como requisito para ser membro dessas reuniões.
Continuando na linha argumentativa de
Burril, no capítulo nove é apresentada a visão dos pioneiros da Igreja
Adventista do Sétimo Dia em relação aos pequenos grupos, que, no contexto
deles, se denominava reuniões sociais. Líderes como Uria Smith, Thiago White,
J. N. Loughbough, Waggoner, F. W. Morse, G. W. A. Champaman, Haffer, Holiday e
Bulettin fizeram comentários positivos acerca dessas reuniões. E não somente
isso, alguns deles até argumentaram a favor delas. Burril apresenta também
nesse capítulo a estrutura organizacional das reuniões sociais. Para ele, a
maior parte delas ocorria após o culto dando a oportunidade de os irmãos
compartilharem o que o sermão sugeria a eles. Elas também eram realizadas
separadamente. A sua natureza era essencialmente relacional. Nelas ocorriam
orações, testemunhos, palavra de exortação e cânticos. Em muitas ocasiões,
essas reuniões eram as únicas oportunidades de irmãos congregarem. O autor
afirma ainda que os irmãos pioneiros da igreja adventista sustentaram suas
vidas espirituais por meio dessas reuniões. A frequência nelas era um dever
para o crente. Uma das primeiras recomendações para os novos crentes era a
frequência a essas reuniões até atingirem a maturidade para formar uma igreja.
Além de todos esses líderes falarem
positivamente sobre as reuniões sociais, Burril nos lembra ainda que Ellen
White também fez comentários relevantes em relação a elas. De acordo com White,
essas reuniões eram ocasiões para confissões, compartilhamento de suas vidas em
Cristo, de alegria e tristezas da vida. Alem do mais, promoviam o
desenvolvimento de comunidade. Esses encontros eram tão vitais para a igreja
que a mensageira do Senhor aconselhava a não negligencia-las, e até mesmo se fosse
escolher entre o culto e essas reuniões, ela escolheria as reuniões. O autor
ressalta ainda que Ellen White argumentava que o conduzir essas reuniões
deveria fazer parte da formação dos pastores mais jovens. Elas também eram
vistas por White como uma necessidade absoluta para desenvolver habilidade de
trabalho para o mestre. Acrescentando-se a isso, a profetiza do Senhor arrazoa
no sentido de que através dessas reuniões é que a igreja encontra energia e
saúde espirituais.
Com relação ao modo de se proceder
nessas reuniões, ela diz que os testemunhos apresentados deveriam ser curtos e
objetivos. Alem do mais, as reuniões requeria preparo e planejamento. As
orações deveriam ser curtas, objetivas e cheias de vida espiritual. Elas eram
parte do processo evangelístico. As próprias reuniões corporativas da
organização adventista incluíam as reuniões sociais. Por fim, Ellen White
afirma, de acordo com o autor, que o propósito dessas reuniões era lidar com o
aspecto relacional da vida das pessoas, incluindo seus sentimentos.
Após fazer uma explanação do pensamento
dos pioneiros e de Ellen White em relação às reuniões sociais, Burril passa a
expor a visão da profetiza da Igreja Adventista em relação aos Pequenos Grupos
propriamente dito. Antes, porém, ele alega que “a reunião adventista primitiva
era similar à nossa experiência moderna do pequeno grupo. Assim, o pequeno
grupo é uma das melhores maneiras de atingir uma dinâmica relacional em nossas
igrejas modernas, desde que seja relacional”[6].
Nesse capítulo o autor apresenta pelo
menos doze textos extraídos dos escritos de Ellen White que fazem alusão aos
pequenos grupos. Baseado nesses documentos, Burril chega as seguintes
conclusões: as afirmações da profetiza é uma autenticação divina dos pequenos
grupos; os membros dos pequenos grupos “deveriam se preocupar com evangelismo,
oração, estudo da Bíblia, encorajamento e cuidado mútuo, e que acima de tudo
eles deveriam criar comunidades”.[7]
Ele também assevera que, mesmo em igrejas pequenas, deveria haver o esforço
para se organizarem em pequenos grupos. Além disso, Burril ressalta que o
propósito de igrejas grandes ou pequenas se organizarem em unidades menores não
é simplesmente organizacional, mas principalmente relacional, ou seja, convívio
em comunidade.
Outra conclusão extraída pelo autor dos
textos de Ellen White, diz respeito à organização em ‘várias companhias’. Para
ele, a razão porque as igrejas deveriam se organizar em pequenas companhias era
para não dependerem de um pastor estabelecido. O autor também afirma que a
mensageira do Senhor estimulou os pequenos grupos a oração e encorajamento
mútuo, sobretudo quando a igreja estivesse reunida em grande número. Ele também
ressalta que White havia advertido sobre a perseguição. E nessa advertência, a
profetiza do Senhor revela que no período da perseguição não haverá a
possibilidade de os irmãos se reunirem em igrejas numerosas. Por isso, segundo
o autor, há necessidade das igrejas se prepararem para esse momento já vivendo
em comunidade, por meio dos pequenos grupos.
Quanto ao evangelismo, o autor disserta
baseado em Ellen White que o avanço da igreja nos grandes centros ou cidades
deveria ser feito tendo os pequenos grupos como base do trabalho. E por fim, Burril
ressalta que para White a obra do reavivamento ocorreria num contexto de igreja
que tem na sua base os pequenos grupos.
Após dissertar sobre o desenvolvimento
dos pequenos grupos ao longo da história bíblica, cristã do adventismo, no
último capítulo de sua obra, Burril expõe uma proposta de trabalho baseada nos
pequenos grupos. Para ele, nas igrejas estabelecidas, os membros devem ser
divididos em grupos menores. O autor ressalta ainda que o pastor deve utilizar
a estrutura do corpo de anciãos para torná-los líderes de pequenos grupos.
Enquanto o pastor treina os anciãos-lideres, esses cuidam dos pequenos grupos.
Porém, ele lembra que a escolha desses líderes deve ser cuidadosa. Quanto à
vida em pequenos grupos, Burril aconselha que tudo que ocorrer nessas unidades necessita
ser relacional. “Deve-se estudar a Bíblia nesses pequenos grupos, mas as
questões relacionais não serão negligenciadas”[8].
As pessoas que visitarem os pequenos grupos
devem receber assistência doutrinal durante a semana através das duplas
missionárias. Uma igreja com muitos pequenos grupos pode desejar patrocinar uma
série de reuniões evangelísticas ou um seminário de profecia. O papel do pastor
nessa nova estrutura seria basicamente passar tempo com os líderes dos grupos e
investir um tempo significativo iniciando novos grupos.
4. Propósitos
O propósito dessa obra é basicamente
oferecer uma visão bíblica e histórica do desenvolvimento dos pequenos grupos.
5. Uso de Fontes
Burril utiliza na maior parte da obra
fontes secundárias. Porém, nos últimos capítulos, mais precisamente no
antepenúltimo e penúltimo, ele lança mão de fontes primárias.
6. Pontos Fortes e
Fracos
Seria muita pretensão
de minha parte fazer esse tipo de análise, visto que sou apenas um estudante
iniciante nessa área. Mas gostaria de apenas mencionar alguns pontos que
julguei serem relevantes.
Em primeiro lugar,
gostaria de parabenizar a obra de Burril, pois vejo nela um chamado à vivência
em pequenos grupos. De fato, as igrejas adventistas deveriam repensar a sua
prática em relação à comunhão dos crentes. Atender a comunidade de crentes
somente através dos grupos grandes já se revelou inviável.
Em segundo lugar,
destaco os capítulos que mencionam a visão dos pioneiros do adventismo,
inclusive de Ellem White, sobre os pequenos grupos. Fiquei admirado com a gama
de informações relacionadas à ideia de se viver em comunidades. Apesar de que
eles mencionaram reuniões sociais em
vez de pequenos grupos, o princípio é o mesmo. O que é impressionante é que
eles já tinham a visão de que somente as grandes reuniões da igreja se
demonstravam incapazes de fortalecer os fiéis e mantê-los focados no advento de
nosso Senhor.
Em terceiro lugar, quero
apresentar uma série de itens que merecem alguns comentários. O primeiro está
relacionado à natureza dos textos bíblicos citados por Burril. Muitas das
passagens escriturísticas mencionadas pelo autor são de natureza narrativa e não
prescritiva. Por exemplo, o envio de Moisés com o seu irmão, não significa que
Deus estava estabelecendo um novo modelo de liderança, mas isso ocorreu de
forma circunstancial. A informação contida no Novo Testamento em relação às
igrejas que estavam se estabelecendo tem mais características narrativas do que
prescritivas. O autor bíblico está mais interessado em narrar àquilo que estava
presenciando do que prescrever algum conselho a partir do fato narrado.
Outro
ponto que desejo observar é que Burril afirmou ser melhor investir na liderança
das mulheres no tocante aos pequenos grupos. Isso porque elas são mais
sensíveis a esse tipo de comunidade, e ainda são mais fáceis de expressar
emoções. Discorde dessa afirmação, pois no modelo de Cristo, a escolha foi de
doze homens. Portanto, o que nos parece é que o objetivo de Jesus em escolher essencialmente
homens não visava somente compartilhar emoções. Acredito que um pequeno grupo
saudável se constitui de homens, mulheres, idosos e crianças.
Além
dos dois pontos referidos anteriormente, acrescento outra observação. Talvez os
modelos bíblicos apresentados nessa obra queiram evidenciar ou prescrever a
formação de pequenos grupos no tocante à convivência em grupos menores. O princípio
valorizado pelos textos bíblicos é o de quanto menor for o grupo, mais eficaz
será a sua convivência, ou melhor, o trabalho para com grupo será mais
eficiente. Isso quer dizer que na visão bíblica para cumprir a missão
efetivamente, precisamos nos organizar em unidades menores, pois sempre será
melhor administrá-las. Portanto, a ideia não seria o modelo de Pequenos Grupos
como se prega hoje, apenas unidades menores.
Outro
ponto digno de análise está relacionado ao período da reforma Protestante
relatado pelo autor. Infelizmente Burril pecou em não mencionar nenhum avanço
em prol da igreja em pequenos grupos no período da reforma. Apesar de não ser
um avanço substancial, há registros de indivíduos que tocaram no assunto e até
mesmo escreveram sobre o tema, quando pulverizaram movimentos reformistas em
toda a Europa.
Gostaria
de ressaltar ainda algo que tem que ver com a sugestão de trabalho para as
igrejas, tendo como base os pequenos grupos apresentado por Burril. Na sua
proposta, ele afirma que as igrejas estabelecidas deveriam ser divididas em
pequenos grupos, inclusive que os anciãos deveriam ser postos pelo pastor como
líderes desses grupos. Porém, o autor não menciona nada a respeito da formação
do protótipo como pontapé inicial da formação dos pequenos grupos. Dividir
simplesmente os membros em pequenos grupos geraria pequenos grupos
despreparados e sem experiência, correndo sério risco de acabarem num futuro
próximo. Apesar de utilizar o modelo de Cristo na escolha dos doze como exemplo,
Burril erra em não seguir todos os passos desse arquétipo.
7. Público Alvo
Acredito
que o público alvo dessa obra são os líderes da Igreja Adventista do Sétimo Dia
em seus mais diversos níveis. Desde a liderança da igreja local, até os líderes
da Associação Geral.