terça-feira, 17 de abril de 2012

Resenha Crítica do Livro Como Reavivar a Igreja do Século 21




Aluno: Wanderson Vieira da Silva
Data: 21/03/2012


Resenha Crítica


1.Bibliografia – BURRIL, Russel. Como reavivar a igreja no século 21: o poder transformador dos pequenos grupos. 1ª ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2009.

2. Biografia – Russell Burrill nasceu em Haverhill, Massachusetts. Ele é de origem Batista, tornando-se um adventista no final da adolescência através do ministério da Voz da Profecia. Sua formação inclui um bacharel no Atlantic Union College, um mestrado na Universidade Andrews e um doutorado no Fuller Theological Society. Ele é casado com Cynthia Hartman, e tem dois filhos que já são adultos, ambos trabalham para a igreja. O ministério de Russell e Cynthia corresponde a sete anos como pastor em Connecticut e Maryland, seguidos de sete anos em evangelismo de tempo integral em Mountain View, Chesapeake e Conferência superior Columbia, acompanhado por outros sete anos pastoreando em Spokane, Washington e Wichita, Kansas. De 1985-2007, Russell foi Diretor do Instituto de Evangelismo da Divisão Norte Americana, na qual atuou também como Secretário Ministerial. Ele ainda lecionou na University Andrews Theological Seminary. Russell é o autor de inúmeros artigos, das lições do Seminário Profecia e onze livros: Discípulos radicais para as Igrejas Revolucionárias, Revolucão da Igreja do Século 21, The New World Order, Revolution in the Church, Recovering an Adventist Approach to Life and Mission of the Local Church, Rekindling a Lost Passion, Hope When Your World Falls Apart, Creating Healthy Adventist Churches through Natural Church Development, Waking the Dead, Reaping the Harvest and How to Grow an Adventist Church.. Além disso, foi autor de “The Pastor’s Manual for Net ‘98.”. Hoje os Burrills vivem em Berrien Springs, Michigan, onde eles continuam a servir a obra do Senhor. Desde sua aposentadoria em julho de 2007, é professor emérito de Evangelismo e Crescimento da Igreja, na Universidade Andrews. Ele atualmente está servindo também como Gerente de Rede 11.
3. Conteúdo
            Esse livro busca motivar as igrejas adventistas do sétimo dia a participarem de um reavivamento espiritual. Para tanto, Russel Burrril procura apresentar o caminho mais viável a fim de atingir esse objetivo. O meio que o autor propõe é vida em comunidade por meio de pequenos grupos.


Burril inicia a construção de sua argumentação apresentando o convívio dos membros da Trindade, que para ele é o modelo de convivência em pequeno grupo. De acordo com a sua tese, a vida em comunidade que as pessoas da Trindade – Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo – têm é o exemplo maior a ser seguido.
E esse tipo de convivência foi experimentado por Adão e Eva, quando foram criados. Para o autor, Deus se preocupou que a humanidade também vivesse em comunidade assim como Ele vivia com os outros membros da Trindade. O propósito era que essa vivência fosse reproduzida nos milhares de filhos do primeiro casal até que a terra fosse povoada por comunidades perfeitas. Para que isso fosse possível, Burril ressalta que o verdadeiro propósito do sábado era promover e desenvolver esse tipo de comunidade entre Deus e os humanos e os humanos entre si. Um dia completo semanalmente fora reservado para esse fim.
Porém, de acordo com autor, o que se presenciou na história bíblica, ainda no Jardim do Éden, foram os primeiros passos em direção à perda da verdadeira comunidade e não a sua ampliação como Deus desejava. O fator que levou a esse estado de coisas fora o pecado. Com esse elemento introduzido na natureza humana, o que seria presenciado não era mais um senso de dependência de Deus e uns dos outros, mas um espírito de independência que levaria a uma sociedade destrutível, na qual, o individualismo, a justificação própria, a ira e homicídio se proliferaria sem precedentes. A partir de então, as pessoas passaram a viver em cidades, que seria uma espécie de contrafação do plano de Deus para a humanidade. Esse tipo de convivência foi absorvido pelos grupos religiosos de então, segundo Burril.
O autor identifica também a estrutura piramidal do Egito como o clássico modelo de cidade. Nela, “quem quer que esteja no topo controla todo o sistema, e o resto da pirâmide mantém quem está em cima”[1]. Assim, as pessoas passam a buscar a qualquer custo o topo da pirâmide, e não somente isso, busca também se manter no topo. Pois quem está na parte debaixo da pirâmide, busca derrubar quem está em cima. Burril enfatiza que muitas igrejas, na atualidade, operam de acordo com a estrutura político-social egípcia. Onde a “liderança é centralizada em uma só pessoa e o restante serve abaixo dela”[2].
A fim de restaurar uma comunidade saudável como no principio da criação, Deus inicia um processo de libertação do povo israelita do império Egito. E somente longe do arquétipo piramidal egípcio, é que o Senhor começa a revelar o verdadeiro modelo de comunidade e liderança através Jetro, sogro de Moisés. Para Jetro, “Moises deveria compartilhar poder, entregando-o ao povo”[3]. A diluição do poder ocorreria ao se delegar responsabilidades para outros líderes. E cada um desses líderes ficaria responsável, no máximo, por dez pessoas ou famílias. Moisés aceitou o conselho do seu sogro, pois já não aguentava mais o estresse e o excesso de trabalho. E de acordo com Burril, esses grupos de dez pessoas ou famílias se assemelham aos pequenos grupos de hoje.


Após apresentar o conselho de Jetro a Moisés em relação ao compartilhamento de poder e a convivência em grupos menores, o autor passa a descrever o modelo que Jesus desenvolveu quando esteve aqui na terra. Cristo começou o seu trabalho escolhendo doze homens, a quem ele investiria a maior parte de seu ministério. O grupo dos dozes, segundo Burril, foi formado por pessoas e famílias disfuncionais. Jesus constantemente se reportava a eles usando palavras extraídas de um contexto de família tais como irmãos e irmãs, isso para descrever o tipo de relacionamento que deveriam ter uns com os outros. O próprio método evangelístico deveria ser desenvolvido em pequenas unidades, ou seja, de dois em dois. Desta forma, o autor pretende reforçar a necessidade de se desenvolver um ministério num contexto de pequenos grupos, e, além disso, acrescenta que uma reestruturação do papel do clero precisa ocorrer, para que a igreja de hoje se aproxime do protótipo de Jesus, no passado. Para tanto, Burril revela que as igrejas devem olhar os pequenos grupos não como parte dela, mas como a igreja. No entanto, essas reuniões não deveriam ser apenas para estudo da Bíblia, mas para promover relacionamentos.
Após dissertar sobre o pequeno grupo formado por Jesus, Burril passa a apresentar o dia-a-dia da igreja que se formou a partir dos discípulos no dia de Pentecoste. Segundo o autor, a igreja primitiva, imediatamente após o Pentecoste, já estava dividida em pequenos grupos. Os primeiros conversos foram divididos em grupos menores onde eram cuidados e alimentados. Isso porque, se eles se reunissem em grandes aglomerados poderiam chamar a atenção e causar transtorno, afirma o autor. Burril acrescenta ainda que as atividades da igreja primitiva reunida em pequenos grupos consistiam em estudo dos ensinamentos de Jesus, comunhão, o partir do pão e a oração.
Para reforçar a ideia de que a igreja primitiva já se encontrava estruturada em grupos menores, o autor lança mão dos ensinamentos do apostolo Paulo. Para Burril, Paulo continuou a implantar igrejas pelo modelo do Pentecoste em vez do modelo institucional. O apóstolo estabeleceu igrejas projetadas para serem comunidades. Eram pequenas igrejas-lares onde as pessoas podiam entrar em verdadeira comunidade uns com outros e com Cristo. Isso não fora acidental, afirma o autor. Foi uma estratégia deliberada por Paulo, em obediência ao modelo de Cristo.
Os textos bases que Paulo desenvolveu a ideia de comunidade, de acordo com Burril, são Romanos 12 e I Coríntios 12. Na passagem de Romanos, o apóstolo disserta que os cristãos são membros de um corpo – eles existem em comunidade. Os seguidores de Cristo são chamados para servir a Deus em comunidade com outras pessoas, onde podem cuidar uns dos outros, amar uns aos outros e se alegrar uns com os outros. Já na passagem de I Coríntios 12, Paulo enfatiza que nenhum indivíduo tem todos os dons. É por isso que a comunidade é necessária para o compartilhamento dos dons que criarão a integridade do corpo. Nesse modelo, os membros da comunidade que são mais fracos devem receber atenção especial. Para que não haja divisão no corpo, pelo contrário, cooperem os membros, com igual cuidado, em favor uns dos outros. Burril revela também que a igreja nessa época praticava o ministério em equipe, ou seja, o evangelismo era sempre feito por uma comunidade e focalizava uma comunidade.
Tendo como base esse modelo de igreja do primeiro século, o autor, ao fazer uma aplicação dele nos dias atuais, afirma que as pessoas, antes de se encontrarem com Cristo, devem pertencer a uma comunidade, embora suas ações a inclinem a buscar seus próprios interesses (ou do seu círculo imediato). É para uma nova comunidade que sua reconciliação com Deus em Cristo as traz, embora experimentem esse acontecimento como algo pessoal.
Para Burril, é imperativo que a organização adventista hoje projete uma igreja baseada em Pequenos Grupos de pessoas que vivam em comunidade. Dentro dessa configuração, o estabelecimento de igrejas lares deve ocorrer, porém sem ser obrigatório. As igrejas maiores criariam comunidades sendo divididas em grupos menores. A liderança da igreja local e o pastor precisam está dispostos a dar poder aos grupos e a seus líderes. Frequentar as reuniões do grupo grande pode ser opcional, mas está envolvido em pequenos grupos não pode. Os ministérios dos dons espirituais é a verdadeira adoração de acordo com Paulo, diz Burril. Ele ainda acrescenta, o argumento de Paulo frisava que as pessoas não iam à igreja com o propósito de adorar, elas iam para manter comunhão.
Apesar de todo o esforço dos apóstolos em prol de uma igreja que vivia em comunidade, a apostasia foi vivenciada pela igreja. Burril argumenta que com a “conversão de Constantino, no início do quarto século, o cristianismo começou a ser tolerado e então se tornou a única religião do império. Esse foi o ponto decisivo no estabelecimento da igreja institucional”.[4] O autor nos lembra também que, mesmo com a Reforma Protestante nas doutrinas, não houve avanço na compreensão da visão de uma igreja em pequenos grupos ou comunidades. Isso só seria visto no movimento espiritual iniciado pelos irmãos wesleys.
O movimento metodista é considerado por Burril como a Reforma do verdadeiro modelo de igreja. O autor faz uma descrição de como eram as reuniões metodistas, nos primórdios dessa igreja. “Wesley oferecia dois tipos de experiência com pequenos grupos: as classes e os grupos (‘bands’). Os grupos eram opcionais; as classes eram requeridas de todos que desejavam continuar como membros”.[5] Burril relata ainda que cada grupo consistia-se de membros da mesma vizinhança e se reunia uma vez por semana por aproximadamente uma hora. Ele ressalta que líderes leigos que possuíam uma alta moral e bom senso eram escolhidos para liderar os grupos. A maioria desses líderes era mulher. Um detalhe que o autor enfatizou em relação aos grupos metodistas era que no início desse movimento e antes da morte de Wesley, falhar em frequentar regularmente essas reuniões era motivo suficiente para o indivíduo ser excluído como membro. Os objetivos dessas reuniões, na visão do autor, se resumiam em quatro: crescimento dos conversos na sua maturidade espiritual; enfatizar os relacionamentos; discipular; direcionamento dos estudos bíblicos para o relacionamento.


Ainda de acordo com Burril, o procedimento desses cultos em comunidades pequenas consistia em que todos falavam abertamente e livremente sobre o estado real do coração, com suas várias tentações e livramento desde a última reunião. Para isso, se faziam cinco perguntas, não com intenção de expressar juízo de valor, mas para responsabilizar as pessoas. Porém, o autor ressalva que com o passar do tempo e com a morte do pastor Wesley, a rigidez desse modelo de culto em relação a sua frequência e os questionamentos sofreram mudanças. Agora, não mais se exigia a frequência sem interrupção como requisito para ser membro dessas reuniões.
Continuando na linha argumentativa de Burril, no capítulo nove é apresentada a visão dos pioneiros da Igreja Adventista do Sétimo Dia em relação aos pequenos grupos, que, no contexto deles, se denominava reuniões sociais. Líderes como Uria Smith, Thiago White, J. N. Loughbough, Waggoner, F. W. Morse, G. W. A. Champaman, Haffer, Holiday e Bulettin fizeram comentários positivos acerca dessas reuniões. E não somente isso, alguns deles até argumentaram a favor delas. Burril apresenta também nesse capítulo a estrutura organizacional das reuniões sociais. Para ele, a maior parte delas ocorria após o culto dando a oportunidade de os irmãos compartilharem o que o sermão sugeria a eles. Elas também eram realizadas separadamente. A sua natureza era essencialmente relacional. Nelas ocorriam orações, testemunhos, palavra de exortação e cânticos. Em muitas ocasiões, essas reuniões eram as únicas oportunidades de irmãos congregarem. O autor afirma ainda que os irmãos pioneiros da igreja adventista sustentaram suas vidas espirituais por meio dessas reuniões. A frequência nelas era um dever para o crente. Uma das primeiras recomendações para os novos crentes era a frequência a essas reuniões até atingirem a maturidade para formar uma igreja.
Além de todos esses líderes falarem positivamente sobre as reuniões sociais, Burril nos lembra ainda que Ellen White também fez comentários relevantes em relação a elas. De acordo com White, essas reuniões eram ocasiões para confissões, compartilhamento de suas vidas em Cristo, de alegria e tristezas da vida. Alem do mais, promoviam o desenvolvimento de comunidade. Esses encontros eram tão vitais para a igreja que a mensageira do Senhor aconselhava a não negligencia-las, e até mesmo se fosse escolher entre o culto e essas reuniões, ela escolheria as reuniões. O autor ressalta ainda que Ellen White argumentava que o conduzir essas reuniões deveria fazer parte da formação dos pastores mais jovens. Elas também eram vistas por White como uma necessidade absoluta para desenvolver habilidade de trabalho para o mestre. Acrescentando-se a isso, a profetiza do Senhor arrazoa no sentido de que através dessas reuniões é que a igreja encontra energia e saúde espirituais.
Com relação ao modo de se proceder nessas reuniões, ela diz que os testemunhos apresentados deveriam ser curtos e objetivos. Alem do mais, as reuniões requeria preparo e planejamento. As orações deveriam ser curtas, objetivas e cheias de vida espiritual. Elas eram parte do processo evangelístico. As próprias reuniões corporativas da organização adventista incluíam as reuniões sociais. Por fim, Ellen White afirma, de acordo com o autor, que o propósito dessas reuniões era lidar com o aspecto relacional da vida das pessoas, incluindo seus sentimentos.


Após fazer uma explanação do pensamento dos pioneiros e de Ellen White em relação às reuniões sociais, Burril passa a expor a visão da profetiza da Igreja Adventista em relação aos Pequenos Grupos propriamente dito. Antes, porém, ele alega que “a reunião adventista primitiva era similar à nossa experiência moderna do pequeno grupo. Assim, o pequeno grupo é uma das melhores maneiras de atingir uma dinâmica relacional em nossas igrejas modernas, desde que seja relacional”[6].
Nesse capítulo o autor apresenta pelo menos doze textos extraídos dos escritos de Ellen White que fazem alusão aos pequenos grupos. Baseado nesses documentos, Burril chega as seguintes conclusões: as afirmações da profetiza é uma autenticação divina dos pequenos grupos; os membros dos pequenos grupos “deveriam se preocupar com evangelismo, oração, estudo da Bíblia, encorajamento e cuidado mútuo, e que acima de tudo eles deveriam criar comunidades”.[7] Ele também assevera que, mesmo em igrejas pequenas, deveria haver o esforço para se organizarem em pequenos grupos. Além disso, Burril ressalta que o propósito de igrejas grandes ou pequenas se organizarem em unidades menores não é simplesmente organizacional, mas principalmente relacional, ou seja, convívio em comunidade.
Outra conclusão extraída pelo autor dos textos de Ellen White, diz respeito à organização em ‘várias companhias’. Para ele, a razão porque as igrejas deveriam se organizar em pequenas companhias era para não dependerem de um pastor estabelecido. O autor também afirma que a mensageira do Senhor estimulou os pequenos grupos a oração e encorajamento mútuo, sobretudo quando a igreja estivesse reunida em grande número. Ele também ressalta que White havia advertido sobre a perseguição. E nessa advertência, a profetiza do Senhor revela que no período da perseguição não haverá a possibilidade de os irmãos se reunirem em igrejas numerosas. Por isso, segundo o autor, há necessidade das igrejas se prepararem para esse momento já vivendo em comunidade, por meio dos pequenos grupos.
Quanto ao evangelismo, o autor disserta baseado em Ellen White que o avanço da igreja nos grandes centros ou cidades deveria ser feito tendo os pequenos grupos como base do trabalho. E por fim, Burril ressalta que para White a obra do reavivamento ocorreria num contexto de igreja que tem na sua base os pequenos grupos.
Após dissertar sobre o desenvolvimento dos pequenos grupos ao longo da história bíblica, cristã do adventismo, no último capítulo de sua obra, Burril expõe uma proposta de trabalho baseada nos pequenos grupos. Para ele, nas igrejas estabelecidas, os membros devem ser divididos em grupos menores. O autor ressalta ainda que o pastor deve utilizar a estrutura do corpo de anciãos para torná-los líderes de pequenos grupos. Enquanto o pastor treina os anciãos-lideres, esses cuidam dos pequenos grupos. Porém, ele lembra que a escolha desses líderes deve ser cuidadosa. Quanto à vida em pequenos grupos, Burril aconselha que tudo que ocorrer nessas unidades necessita ser relacional. “Deve-se estudar a Bíblia nesses pequenos grupos, mas as questões relacionais não serão negligenciadas”[8].


As pessoas que visitarem os pequenos grupos devem receber assistência doutrinal durante a semana através das duplas missionárias. Uma igreja com muitos pequenos grupos pode desejar patrocinar uma série de reuniões evangelísticas ou um seminário de profecia. O papel do pastor nessa nova estrutura seria basicamente passar tempo com os líderes dos grupos e investir um tempo significativo iniciando novos grupos.



4. Propósitos

            O propósito dessa obra é basicamente oferecer uma visão bíblica e histórica do desenvolvimento dos pequenos grupos.



5. Uso de Fontes

Burril utiliza na maior parte da obra fontes secundárias. Porém, nos últimos capítulos, mais precisamente no antepenúltimo e penúltimo, ele lança mão de fontes primárias.



6. Pontos Fortes e Fracos

Seria muita pretensão de minha parte fazer esse tipo de análise, visto que sou apenas um estudante iniciante nessa área. Mas gostaria de apenas mencionar alguns pontos que julguei serem relevantes.

Em primeiro lugar, gostaria de parabenizar a obra de Burril, pois vejo nela um chamado à vivência em pequenos grupos. De fato, as igrejas adventistas deveriam repensar a sua prática em relação à comunhão dos crentes. Atender a comunidade de crentes somente através dos grupos grandes já se revelou inviável.

Em segundo lugar, destaco os capítulos que mencionam a visão dos pioneiros do adventismo, inclusive de Ellem White, sobre os pequenos grupos. Fiquei admirado com a gama de informações relacionadas à ideia de se viver em comunidades. Apesar de que eles mencionaram reuniões sociais em vez de pequenos grupos, o princípio é o mesmo. O que é impressionante é que eles já tinham a visão de que somente as grandes reuniões da igreja se demonstravam incapazes de fortalecer os fiéis e mantê-los focados no advento de nosso Senhor.

Em terceiro lugar, quero apresentar uma série de itens que merecem alguns comentários. O primeiro está relacionado à natureza dos textos bíblicos citados por Burril. Muitas das passagens escriturísticas mencionadas pelo autor são de natureza narrativa e não prescritiva. Por exemplo, o envio de Moisés com o seu irmão, não significa que Deus estava estabelecendo um novo modelo de liderança, mas isso ocorreu de forma circunstancial. A informação contida no Novo Testamento em relação às igrejas que estavam se estabelecendo tem mais características narrativas do que prescritivas. O autor bíblico está mais interessado em narrar àquilo que estava presenciando do que prescrever algum conselho a partir do fato narrado.

            Outro ponto que desejo observar é que Burril afirmou ser melhor investir na liderança das mulheres no tocante aos pequenos grupos. Isso porque elas são mais sensíveis a esse tipo de comunidade, e ainda são mais fáceis de expressar emoções. Discorde dessa afirmação, pois no modelo de Cristo, a escolha foi de doze homens. Portanto, o que nos parece é que o objetivo de Jesus em escolher essencialmente homens não visava somente compartilhar emoções. Acredito que um pequeno grupo saudável se constitui de homens, mulheres, idosos e crianças.

            Além dos dois pontos referidos anteriormente, acrescento outra observação. Talvez os modelos bíblicos apresentados nessa obra queiram evidenciar ou prescrever a formação de pequenos grupos no tocante à convivência em grupos menores. O princípio valorizado pelos textos bíblicos é o de quanto menor for o grupo, mais eficaz será a sua convivência, ou melhor, o trabalho para com grupo será mais eficiente. Isso quer dizer que na visão bíblica para cumprir a missão efetivamente, precisamos nos organizar em unidades menores, pois sempre será melhor administrá-las. Portanto, a ideia não seria o modelo de Pequenos Grupos como se prega hoje, apenas unidades menores.

            Outro ponto digno de análise está relacionado ao período da reforma Protestante relatado pelo autor. Infelizmente Burril pecou em não mencionar nenhum avanço em prol da igreja em pequenos grupos no período da reforma. Apesar de não ser um avanço substancial, há registros de indivíduos que tocaram no assunto e até mesmo escreveram sobre o tema, quando pulverizaram movimentos reformistas em toda a Europa.

            Gostaria de ressaltar ainda algo que tem que ver com a sugestão de trabalho para as igrejas, tendo como base os pequenos grupos apresentado por Burril. Na sua proposta, ele afirma que as igrejas estabelecidas deveriam ser divididas em pequenos grupos, inclusive que os anciãos deveriam ser postos pelo pastor como líderes desses grupos. Porém, o autor não menciona nada a respeito da formação do protótipo como pontapé inicial da formação dos pequenos grupos. Dividir simplesmente os membros em pequenos grupos geraria pequenos grupos despreparados e sem experiência, correndo sério risco de acabarem num futuro próximo. Apesar de utilizar o modelo de Cristo na escolha dos doze como exemplo, Burril erra em não seguir todos os passos desse arquétipo.



7. Público Alvo

                Acredito que o público alvo dessa obra são os líderes da Igreja Adventista do Sétimo Dia em seus mais diversos níveis. Desde a liderança da igreja local, até os líderes da Associação Geral.



[1] BURRIL, Russel. Como reavivar a igreja no século 21: o poder transformador dos pequenos grupos. 1ª ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2009, p. 44.
[2]  Idem.
[3] Ibdem, p. 48.
[4] Ibdem, p. 104.
[5] Idem, p. 107.
[7] Ibdem, p. 149.
[8] Ibdem, p. 164.

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