A Igreja Católica e a ameaça dos três poderes
No dia 11 de fevereiro de 2013, uma
notícia chamou a atenção do mundo inteiro: o anúncio da renuncia do Papa Bento
XVI. Ela foi recebida por uma boa parte da opinião pública com uma dose de
surpresa. Isso porque nada semelhante aconteceu em 700 anos. A inesperada
abdicação do pontificado por Joseph Ratzinger motivou uma série de especulações
por parte da imprensa mundial. Ao ler alguns artigos, pude perceber que a
Igreja Católica se viu, pelo menos Bento XVI, diante das ameaças corrosivas dos
três poderes que praticamente movem as macros estruturas mundiais: sexo, política
e dinheiro.
Em relação ao sexo, a igreja por
muito tempo tenta esconder os escândalos de pedofilia dos padres nos países em
que a Sé Católica atua. Apesar das tentativas de Ratzinger de investigar por
meio de inquérito oficial os escândalos de abuso sexuais segundo a agencia de
notícia Reuters, isso se demonstrou
insuficiente. De acordo com o artigo publicado no site do jornal Valor Econômico, acordos e julgamentos
nos casos de abuso sexuais custaram bilhões de dólares e levaram algumas
dioceses à falência. E mais ações desse tipo estão pendentes. Apesar de sua
reputação como teólogo, o que parece é que ele se viu impotente diante do que
conscientemente deveria fazer, porém sem força política para poder fazer.
Já em relação à política, fica claro
que nos corredores do Vaticano havia uma constante pressão sobre Bento XVI vinda
de cardeais que não se adaptaram à maneira de Ratzinger em conduzir a
administração da igreja. Segundo o articulista Gabriel Gomes da revista CartaCapital,
as disputas pelo poder ficaram evidentes no escândalo do mordomo que cuidava do
Papa. Ele roubou documentos sigilosos que deixavam claro o jogo de poder no
Vaticano e os divulgou para a imprensa. O que parece é que ele não agiu
sozinho, dando a entender, portanto, que alguém mais estava interessado em
manchar a administração do representante maior da igreja Católica. Ratzinger se
viu sem chão político para conduzir o seu mandato. A pressão política se
mostrou mais forte.
Falando em poder econômico, parece também
que Ratzinger se viu pressionado com os crescentes resultados financeiros
negativos no balancete da igreja. O Banco do Vaticano diante da perda de
receitas se viu obrigado a fechar os caixas eletrônicos e proibiu as
bilheterias e lojas do museu de aceitarem cartões de débito e crédito como
pagamento dos visitantes, segundo Carol Matlack em Valor Economico. Como se não bastasse, foi descoberto, em 2010, uma
rede de lavagem de dinheiro liderada por Ettore Gotti Tedeschi, então
presidente dessa instituição financeira, que custaram aos cofres do banco US$ 30,8
milhões. Se o dinheiro diminui, as relações se enfraquecem. Foi o que ocorreu
com Bento XVI.
Diante disso, o que se pode esperar do
novo líder que a igreja Católica elegerá é alguém que saiba lidar com as finanças,
com o poder e sexologia dos padres. Alem do mais, ele terá que efetuar duras
reformas no Vaticano e se possível até mesmo na Tradição da Igreja. Portanto, o
próximo líder católico terá que conduzir a igreja para grandes mudanças que
podem se estender até às relações que a igreja mantém com as diversas
instituições políticas e religiosas mundiais.